Viagra Cialis Ou Levitra
Antonio Marinho, do Diário de S.Paulo.
Viagra, Uprima, Cialis ou Levitra? Afinal, qual é a melhor pílula para tratar a dificuldade de ereção? Essa, hoje, é a principal dúvida de pelo menos 11 milhões de homens brasileiros e 150 milhões em todo o mundo que sofrem do distúrbio. Para a maioria dos urologistas especializados no assunto, a escolha do comprimido mais adequado e eficaz dependerá das necessidades e da adaptação de cada homem ao produto. Há quem prefira maior segurança e se mantém fiel a um comprimido já reconhecidamente testado. Outros homens não querem depender de hora marcada para o ato sexual. Por outro lado, muitos têm receio de usar uma droga cujo efeito é prolongado. E há ainda os impacientes, que não abrem mão de uma pílula de ação rápida. Qualquer que seja a escolha, todos buscam uma ereção satisfatória e natural.
Para o urologista Joaquim de Almeida Claro, professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, o grupo de drogas para tratar a disfunção erétil, formado pelas pílulas de ação local e que atuam melhorando o fluxo de sangue no pênis (o Viagra, da Pfizer, o Cialis, da Lilly, e o Levitra, da Bayer/GlaxoSmithKline), tem se mostrado mais eficaz que o Uprima (da Abbott). Este último age no sistema nervoso central, estimulando a produção de dopamina, um neurotransmissor (mensageiro químico no cérebro) com papel importante na ereção.
Estudos mostram que o índice de sucesso das drogas de ação local é de 85%, enquanto o do Uprima é um pouco menor, 65%. Bertero acrescenta que a satisfação com cada medicamento varia muito. “Cabe ao médico orientar sobre os prós e os contras de cada droga oral. Mas, de maneira geral, todas proporcionam uma boa ereção”, garante o médico.
O urologista Luiz Otávio Torres, responsável pelo departamento de andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia, também diz que de acordo com o perfil há um medicamento mais adequado. “Por exemplo, no caso de um homem de 40 anos, sem parceira fixa e que não sabe se no fim de semana encontrará ou não alguém para um relacionamento sexual, talvez seja melhor optar por um medicamento oral com uma ação mais prolongada, como o Cialis. Teoricamente ele estaria coberto por mais tempo. Mas a maioria dos pacientes com problemas de disfunção erétil tem mais de 50 anos e parceira fixa. Nesses casos, eles talvez não encontrem vantagem em tomar um comprimido cuja substância fica circulando por mais tempo no organismo”, analisa.
Já o urologista Sidney Glina, coordenador do Centro de Reprodução Humana do Hospital Albert Einstein, conta que esses três medicamentos que agem de forma local são eficazes. Ele lembra que metade dos homens acima de 40 anos na América Latina tem algum grau de dificuldade de ereção, mas apenas 10% deles procuram ajuda médica. Uma pesquisa realizada pelo Projeto Sexualidade (Prosex), do Hospital das Clínicas em São Paulo, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou que os homens com problemas de ereção levam de três meses a dois anos para se interessar por um tratamento.
Pesquisas constataram que 40% dos homens têm a segunda ereção até uma hora depois da primeira. Mas 32,2% afirmam não ter a segunda relação. “É importante lembrar que essas drogas para disfunção erétil só funcionam se houver desejo sexual”, destaca. O urologista Eduardo Bertero confirma que a maioria dos seus pacientes, principalmente aqueles que já tomam o Viagra, demonstram curiosidade em experimentar outros medicamentos orais.
“Cada paciente reage de uma forma. Há quem reclame de dor de estômago ao tomar Viagra. No caso do Cialis, cujo efeito é de até 36 horas, se o ato sexual acontecer já no final da ação do medicamento, talvez a ereção não seja tão satisfatória. Isso também precisa ser levado em conta na hora decidir qual o produto mais adequado, assim como o custo do produto”, fala o urologista. Bertero não arrisca em afirmar qual é o melhor medicamento, até porque nunca foi realizado um estudo comparativo com essas drogas, inclusive entre as pílulas de ação local, que se mostram mais eficazes na maioria dos casos.
Há pesquisas mostrando que o Cialis, o Viagra e o Levitra podem ser um pouco melhor para homens com disfunção erétil decorrente de diabetes e retirada de próstata (especialistas até recomendam o início do tratamento imediatamente após a cirurgia), comum em homens com câncer na glândula. Mas muitos desses pacientes têm mais benefícios com a aplicação de injeções de prostaglandina e até mesmo implante de prótese peniana. “É importante lembrar que 30% dos homens com disfunção erétil não respondem aos comprimidos. Grande parte não continua o tratamento porque não suporta efeitos colaterais, como dor de cabeça, náuseas e dor de estômago”, enfatiza Bertero.
Apesar do custo e dos efeitos colaterais, a procura por comprimidos para disfunção erétil cresceu e até a faixa etária dos usuários diminuiu. Segundo Bertero, hoje a média é de 35 anos. “As pílulas podem até melhorar a qualidade da ereção, mas existe o risco de dependência psicológica. Homens sem queixa de disfunção erétil não deveriam usá-las”, aconselha.
O urologista Ronaldo Damião acredita que nos próximos dez anos haverá pelo menos mais cinco ou seis novos medicamentos para tratar a disfunção erétil. Ele acrescenta que o paciente, juntamente com o médico, é que pode decidir qual é o comprimido mais adequado. Sem desejo sexual, não há pílula que funcione. As drogas de ação local, como Viagra, Cialis e Levitra, não são recomendadas para pacientes que fazem tratamento com nitratos para dilatar as artérias (homens que já tiveram infarto ou sofrem de angina). Essas pílulas, quando associadas a nitratos, podem causar pressão baixa (a hipotensão), aumentando o risco de óbito.
O bioquímico Erwin Bischoff, que ajudou a desenvolver o Levitra, lembra que sem o desejo sexual não adianta tomar nenhum medicamento oral. “Essas drogas não melhoram a libido. No caso dos medicamentos de ação local, eles apenas ajudam a melhorar o fluxo de sangue para o pênis”, ressalta o cientista. Ele não acredita que a curto prazo as mulheres com disfunção sexual possam se beneficiar de drogas semelhantes aos comprimidos orais para tratar a impotência sexual.
A Pfizer, por exemplo, está fazendo estudos com uma pílula feminina com ação semelhante ao Viagra e que poderia melhorar o fluxo de sangue e a sensibilidade no clitóris e na vagina. “É cedo para afirmar se as mulheres terão algum benefício”, fala o bioquímico.